quarta-feira, 14 de março de 2012

o pobre cristal

O pobre cristal, com seu brilho matinal
Achando a vida bela, pôs-se a nela aventurar
Saiu caminhando pela terra divinal
Errando por aí sem saber quando parar

A casa que primeiro achou, mui formosa era
De tanta beleza que tinha, chegava a dar inveja
Amargor lá encontrou, onde procurava só alento
Pois por fora bela viola, por dentro pão bolorento

Pelo passeio, mais à frente, achou mais uma casa
Simples e sem graças, porém a que muitos agradava
O afago do primeiro contato fez a ele impressionar
Mas acabou que tanto cuidado findou em deixá-lo sem ar

Casa forte e robusta. Velha, porém firmada
Era aquilo que o desenrolar da caminhada a ele reservava
Mas toda aquela rígida aparência fez-se desmoronar
Mais frágil que um canário, só sabia tudo piorar

Cansado e um tanto acabado de se decepcionar,
Morada doce e agradável veio a finalmente encontrar
Enquanto lá estava, parecia-lhe que tudo era perfeição
Porém não era suficiente para curar seu pobre coração

Parecia não ser bastante aquilo que havia conquistado
Parecia que tudo era sobreposto pelas memórias do passado
Pois é assim com o cristal, que quando ao se quebrar
Jamais consegue outra vez seus pedaços juntar