terça-feira, 31 de maio de 2011

desavisado

"se conselho fosse bom não seria de graça" - verdade. poucas vezes ouvi uma coisa tão coerente com a nossa realidade e tão pouco sentimentalista e apelativa. o nosso processo de crescimento físico e psicológico não se dá por si só, se dá por uma série de coisas e pessoas que insistem em formar nosso futuro conosco e por nós. acho que um dia disseram que o ser humano é por natureza ruim, e decidiram acreditar. e acreditando nisto, aqueles já vividos, que pensam que as marcas duras de uma vida impiedosa lhes assegura o direito de negarem-se à sua natureza, também ruim, e coroá-los como conselheiros sábios prontos para nos nortear a respeito de que decisões e rumos tomar. pergunto-me: será que o caminhar da vida limpa as máculas da nossa, antes mesmo de nascermos, marcada vida por um selo irretirável de pecador? e ainda, pergunto-me se, realmente, um ser humano é mesmo tão ruim assim por natureza, se é tão perverso e incapaz de cometer e externar boas ações e atitudes como temos duvidado e não presenciado na atualidade. como todos, passei - e ainda passo - pelo processo de crescimento e formação de caráter e personalidade, o qual, penso eu, que não deverá cessar em pouco tempo. ao longo de minha década e uns quebrados de anos vividos, ouvi demais e devo ter falado o dobro. tenho que aprender a parar com isso. aconselharam-me a respeito de todas as coisas possíveis e imagináveis, desde não usar drogas ou ter filhos antes da hora à colocar as meias penduradas ao sol para evitar o surgimento de fungos. mas a respeito de algo não me falaram: não me falaram sobre enfrentar. pelo menos não da devida maneira. conversando com uma colega um dia desses, usei esta palavra e de repente parei para pensar a respeito dela. o por quê? não faço a menor idéia. mas percebi que enfrentar é nada mais, nada menos que o ato de ir em frente. e como é difícil ir em frente! afinal, por que ir em frente quando, ao olhar para lá, se vê uma vida absolutamente sem perspectivas? por que ir em frente quando tudo o que construímos ao longo de nossa vida parece ter sido destruído com um sopro, com uma palavra indevida, com um não da pessoa amada, com uma expectativa frustrada? por que ir em frente, digam-me, quando o mundo todo parece nos puxar para trás, para o fundo, para um canto de esquecimento? eu me pergunto isto todos os dias. ir em frente é difícil demais, é um esforço muito grande que se faz, muitas vezes para encontrarmos apenas o fim, não uma recompensa, somente o fim. é saber que, na maioria das ocasiões, estamos lutando contra a maré apenas para atravessar o rio e, quem sabe, morrer na praia. afinal, o que mais é a vida senão isto? uma travessia livre de justiça e piedade que nos objetiva a passar por ela, porém não nos avisa, não nos orienta sobre o lado de lá. ninguém me disse que agora era hora de tirar as amarras de meus pés e a máscara de medo que me cobre para, simplesmente, ir em frente. agora já é tarde, terei que fazê-lo sozinho.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

meu precioso.

Por achar em ti valor que jamais em outros havia encontrado, considerei teu amor uma jóia. Em volta deste bem precioso, construí um castelo, um castelo que foi destruído pela minha onda de sentimentos devastadora e perigosa demais, causada por ti. Sim, te culpo. Digo que foi tua indiferença, que ao me fazer chorar, fez também o mar de minhas emoções transbordar. Digo que foram as tuas lacunas vazias e que dificilmente um dia serão preenchidas. Vazios que criam buracos em mim, me deixam com feridas incuráveis. O meu bem tão precioso e tão estimado parece ter sido simplesmente levado, roubado de mim num ato tão injusto, tão triste, tão lamentável. Mas, assim como os oceanos geográficos, o meu oceano de lágrimas tem marés que vão e vem, e do mesmo jeito que levaram meu tesouro, o trouxeram de volta, para perto de mim, confesso que perto demais para que não me sentisse incomodado por tua presença. Num ato impulsivo tirei forças de minhas fraquezas, ergui-me do meu lugar e cessei o choro. Dei início a outra construção, a um novo castelo, dessa vez mais alto, mais lindo, mais admirável que o outro, adornado com minhas esperanças, decorado com minhas ilusões e desenhado sob minhas mal refeitas frustrações. Ergui um lindo palácio em volta do meu amor para poder abrigá-lo, mas parece que de novo vem a tempestade, seguida por nenhuma bonança. Na verdade as tempestades só trazem consigo o pesar de um céu cinza e fechado, o qual tenho que com meus próprios esforços abrir, rasgar meu peito em sua direção para que ele se abra assim em um sol forjado por mim, dando vida ao meu imaginário jardim no meu castelo, no meu abrigo, abrigo onde só há lugar para que habites tu. Mas tempo bom é sinal de tempestade, e lá vem ela de novo, como um animal feroz e veloz destruir tudo aquilo que construí. Mas não há jeito, o ciclo sempre volta. Pois somos estúpidos demais – eu para que queira acabar com esta dor que a cada dia arranca de mim um pedaço de vida, e você para que perceba que fiz uma morada só para ti, mas não o suficiente para cansar de destruí-la momento após momento.

terça-feira, 17 de maio de 2011

sem título

a verdade é que todo mundo quer saber, mas ninguém quer parar pra ouvir, porque sabem que suas mentes pequenas não lidariam bem com qualquer problema em qualquer profundidade.

não mais

cansei, sério mesmo. não dá mais, pra mim, sofrer, pelo menos não enquanto eu tiver essa opção. não dá mais, pra mim, ser todo bobo, fazer tudo, sonhar, me iludir, viver apenas para isso, enquanto você não tá nem aí pro que eu sinto e não faz a menor questão de tentar estar. chega! pra minha infelicidade você se instalou, se enraizou no meu coração, mas eu te tiro de lá, ah se eu tiro! nem que pra isso eu tenha que arrombar meu coração, nem que eu crie uma ferida incurável, nem que eu sangre até a minha morte. se for pra morrer, eu morro. mas morro sem você dentro de mim, livre do teu venenoso amor que me destrói a cada dia.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

“O negócio é não relativizar”

Mentira! Como assim não relativizar as coisas na sociedade atual? Será que as pessoas, realmente, têm uma noção da grandiosidade e da complexidade das relações humanas e das conseqüências e os porquês delas? Será que elas entendem o peso de um julgamento perante a fragilidade das pessoas de nosso século? Afinal, quem somos nós para determinarmos algo? O que são os nossos pensamentos para que possamos impô-los como os corretos? O que faz do que lemos ou do que ouvimos uma verdade incontestável, um modelo social? Não gosto de dizer que todos são especiais, porque é uma maneira de dizer que ninguém é. Mas sempre digo que todos são diferentes, dentro de suas normalidades e seus padrões. Por mais estereotipada que a nossa sociedade pareça, por mais que tenhamos a impressão de que determinadas pessoas ou grupo de pessoas estejam sendo produzidas em série e com uma qualidade cada vez inferior, duvido muito de que realmente haja uma concordância de idéias entre elas, ou mesmo que haja qualquer concordância entre o que as pessoas são e o que elas aparentam ser. Não relativizar quer dizer fabricar caixas em uma única forma e colocar as pessoas dentro até que elas se molde àquela maneira, aquela que nós criamos e que nos parece ser (e que talvez, de fato, seja) a melhor para nós. Não relativizar quer dizer contribuir para mais uma geração de infelizes, deprimidos e inseguros a respeito da vida e de vivê-la. O negócio é, sim, relativizar, ponderar, compreender, estudar e entender, pois as pessoas são profundas e complexas demais para que haja qualquer tipo de nivelamento entre elas.

terça-feira, 10 de maio de 2011

unbearable

Cansei! Não aguento mais ter que ouvir a tua voz (e não ter o prazer de na calada da noite tê-la sussurrante em meus ouvidos, fazendo juras de amor sem fim). Não posso mais ver o teu rosto (iluminado e iluminando os meus momentos, ofuscando o brilho do sol perante tamanha perfeição, tão próxima e tão distante ao mesmo tempo, tão real e tão inatingível). Não quero mais ter que abraçar-te, nunca mais (pois pior é para mim ter-te em meus braços por ligeiros minutos de pura insanidade, onde minha mente vai aos mais remotos lugares só para buscar-te, e ao não encontrar-te na vastidão de minha mente, volta vazia e triste, com lágrimas a regar o meu jardim de plantas mortas). Não suporto mais ver o teu sorriso mirando meu rosto (pois prefiro mil vezes que por mim derrame lágrimas de amor do que sorrias por prazer de minha companhia, quero a tristeza de estar com você muito mais que mil alegrias sem poder te ter ao meu lado). Acabou, não tenho condições de sentir tua presença (pois ao chegares perto de mim, por não poder perto de ti estar, meu coração se despedaça e esmorece, o morrer é o que me resta, fico então a ele esperar).

maldita constância

No rio veloz que se formou em minha mente e na insana loucura que se criou em meu ser, insiste uma recorrente pergunta: por que, primeiramente, sorristes para mim, se agora só me resta uma incurável ferida amargando em meu coração?

segunda-feira, 9 de maio de 2011

rotina

Eu não sou organizado, jamais fui. Nunca consegui organizar uma pasta, ou uma gaveta, ou um armário, e tampouco meus pensamentos, e então não preciso nem comentar sobre as minhas emoções. Na minha vida nada parece estar no lugar certo, o que me aborrece demais. Parece que as incertezas pra mim são muito mais intensas e demasiadamente freqüentes a ponto de ter que decidir que roupa usar me deixar aflito. Também vejo como se tudo fosse ordinário e, ao mesmo tempo, contraditório demais. Meus sentimentos parecem estar guardados presos perfeitamente em uma caixa meticulosamente hermética e blindada, impossível de serem libertos ou de alguém a eles ter acesso. Ao mesmo tempo me sinto às vezes como num rodeio, montando em meu coração – um touro indomável que me carrega a qualquer lado com tamanha força e velocidade que chega a ser imensurável, e quando chega a hora da brusca parada, me deixa zonzo e sem saber para onde ir, me leva ao fim óbvio de um sentimento intensamente vivido: a confusão. Só vejo mil touros correndo pela arena, mil sentimentos jorrando sem fim pela estrada de minha vida, que está mais para um beco sem saídas. Os sentimentos presos e juntos demais acabam por soltar-me num deserto sem rumo, me dando liberdade demais e direções de menos, trazendo-me angústia. Os sentimentos loucos e avassaladores acabam por me tirar-me qualquer possibilidade de escolha, prendendo-me junto a eles, mas não vivo com eles, vivo por conta e vontade deles... trazendo-me a tristeza.

domingo, 8 de maio de 2011

Todos querem um amor de cinema

Isto é fato! Tudo bem que uns estão mais para American Pie enquanto outros mais para Titanic, mas todos nós, seres humanos, queremos um amor digno das telas hollywoodianas. Queremos uma aventura, que nos faça viver fortes emoções para que no fim do arco-íris o final feliz tenhamos como o pote de ouro. Queremos o drama para termos uma história que emocione para contar e, em contrapartida, queremos uma comédia romântica para nos causar boas risadas de vez em quando e quebrar o gelo. Todo nós, no fundo, queremos uma história de terror, que nos dê medo, nos assuste, nos faça gritar, mas afinal, os protagonistas sempre, talvez não ilesos, mas escapam no final são e salvos. E todos nós queremos que nosso filme seja uma animação, produzido por outros, artificial e sem risco de danos, queremos com urgência a segurança, não física, mas dos sentimentos. E por isso que eu digo que ter um amor de cinema é mais complicado do que se parece: além de precisar atuar o tempo inteiro, é preciso parecer natural, o que é muito complicado, pelo menos para mim, pois amar não é natural, gostar sim. Amar é algo extraordinário que ultrapassa as barreiras de qualquer sentimento. Além disso é preciso seguir o script mais que corretamente preparado, elaborado e dirigido por não somente um diretor, mas os vários diretores que nos cercam na nossa rotina, sentados em suas cadeiras de assento preto com armação de jatobá dando pitacos e nos dizendo qual será o próximo passo. E, por último, um filme hollywoodiano precisa ser vendável, e para ser vendável precisa ter apelo ao público, e o público só assiste o que gosta, ou seja, passa do amor que nós moldamos ao amor que é moldado em função dos outros. Pois é, entre um amor de cinema e um amor secreto, fico com o meu silencioso sentimento, escrito, dirigido, rodado e protagonizado por mim!

terça-feira, 3 de maio de 2011

a diferença

entre preservar o homem e a natureza, é que preservando-se a natureza, garante-se a existência do homem, mas preservando a existência do homem, não se garante o bem estar do meio ambiente.

vômito

antigamente, os nobres tinham um costume um tanto quanto repugnante: enchiam-se de comida até não poderem aguentar mais, depois vomitavam tudo e voltavam a comer. que incivilidade, não? mas na verdade, eu, pelo menos, pratico isto até hoje. algumas pessoas já me elogiaram pela minha suposta habilidade com as palavras. eu, de fato, não me considero habilidoso com as palavras, nem um pouco. o que aqui faço é nada mais que vomitar. e depois como, e depois vomito, e como, e vomito, e como, e assim por diante. eu como tudo o que me oferecem, ou quase tudo. confesso que às vezes sem nem saber direito do que se trata. tenho uma sede imensa por sentimentos, por sentir, e, mais do que isso, por me permitir sentir e não deixar que me façam sentir. gosto de sentir a liberdade estando preso em mim mesmo, de acordo com minhas regras. o banquete de emoções parece nunca perecer perante minha boca nervosa e ansiosa por mais. então chega a hora. os sentimentos parecem estar em demasia dentro de mim, coisa demais para que possa controlar. aí sinto a do, a dor do vômito. o incomodo, o enjôo, a náusea, a espera triste de liberar tudo aquilo que me faz tão mal, mas que parecia que ia fazer tão bem. vomito tudo, esvazio-me. ah, que alívio! deixo meu vômito aqui exposto. o impacto que causa? imprevisível. desculpem-me, agora vou comer.