terça-feira, 17 de abril de 2012

Fofo,

Felicitações!
Far-me-ias, ao acaso, um favor?
Fico feliz em escrever-te, mas admito:
Fardo pesado demais, venho carregando.
Foste tu que sobre mim lançaste este feitiço
Fadórico de um amor
Fartamente fatigante que um
Feudatário de mim fez? Oras, não tens pena?
Fizeste de mim
Feito como quisera.
Facínora falaz é o que és. Seu
Fagueiro olhar
Facilmente fez o favor de me conquistar. No
Faraônico faiado onde se faz presente
Faça-me o favor de se desinstalar. Ou se não,
Ferozmente, hei de o retirar.
Falácias tuas não me convencem mais. Este
Famigerado falatório a mim já é muito familiar.
Forte penso que estou,
Fraco é como queres me ver.
Finalize o que começaste.
Faça suas malas,
Fuja daqui.
Faça, ao som deste
Fúnebre fado, outra vez,
Ficar fechado e ferido
Ferrado e fodido o meu
Frágil coração.

quarta-feira, 14 de março de 2012

o pobre cristal

O pobre cristal, com seu brilho matinal
Achando a vida bela, pôs-se a nela aventurar
Saiu caminhando pela terra divinal
Errando por aí sem saber quando parar

A casa que primeiro achou, mui formosa era
De tanta beleza que tinha, chegava a dar inveja
Amargor lá encontrou, onde procurava só alento
Pois por fora bela viola, por dentro pão bolorento

Pelo passeio, mais à frente, achou mais uma casa
Simples e sem graças, porém a que muitos agradava
O afago do primeiro contato fez a ele impressionar
Mas acabou que tanto cuidado findou em deixá-lo sem ar

Casa forte e robusta. Velha, porém firmada
Era aquilo que o desenrolar da caminhada a ele reservava
Mas toda aquela rígida aparência fez-se desmoronar
Mais frágil que um canário, só sabia tudo piorar

Cansado e um tanto acabado de se decepcionar,
Morada doce e agradável veio a finalmente encontrar
Enquanto lá estava, parecia-lhe que tudo era perfeição
Porém não era suficiente para curar seu pobre coração

Parecia não ser bastante aquilo que havia conquistado
Parecia que tudo era sobreposto pelas memórias do passado
Pois é assim com o cristal, que quando ao se quebrar
Jamais consegue outra vez seus pedaços juntar

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

recorrência

se os amores voltam pra dizer "estou aqui!", os meus voltam para gritar "daqui não sairei!".

terça-feira, 30 de agosto de 2011

insuficiência

quando toda música do mundo não consegue falar por mim, quando toda a poesia que existe ainda é pouco pra transmitir o que sinto, aí eu sei: o amor chegou.

ponteiros

ás vezes eu quero acelerar o tempo pra ver a maré vazia chegar.
às vezes eu quero acelerar o tempo pra vê-lo a minha sorte mudar.
às vezes eu quero acelerar o tempo pra vê-lo a minha tristeza levar.
às vezes eu quero acelerar o tempo só pra vê-lo passar. ele e o tempo.

sábado, 11 de junho de 2011

desencanto

Foi em você que encontrei o amor
Que por tempos me fez sentir tanta dor
E também foi, enquanto te amando
Que vi que tudo não passava de mero encanto
Porque nunca antes amou, te critiquei
Amar você me fez ver que nunca amei
E agora todo aquele meu pranto
Não passa de simples desencanto.

domingo, 5 de junho de 2011

S-2

Se com precisos e atentos olhos, por
Trás de armadura que me cobre enxergasse,
Veria que as palavras com o doce sabor
Servem-me tão somente como disfarce

Ao confundir dos emitidos risos, transbordando
Gozo e alegria, verias que preciso alto falar
Para o silêncio que à minhas forças sobrepuja, de
Meus lábios não ouse transbordar

Pois ao rir, aflito, peço ajuda
Ao gargalhar, libero urros de dor
E ao sorrir, bloqueio as mágoas, que só me trazem o horror

A certeza da fé dá lugar à esperança vazia
Ao abrir da boca, o aperto no coração
Pois me fazendo sofrer, só assim, me sinto são