terça-feira, 3 de maio de 2011

vômito

antigamente, os nobres tinham um costume um tanto quanto repugnante: enchiam-se de comida até não poderem aguentar mais, depois vomitavam tudo e voltavam a comer. que incivilidade, não? mas na verdade, eu, pelo menos, pratico isto até hoje. algumas pessoas já me elogiaram pela minha suposta habilidade com as palavras. eu, de fato, não me considero habilidoso com as palavras, nem um pouco. o que aqui faço é nada mais que vomitar. e depois como, e depois vomito, e como, e vomito, e como, e assim por diante. eu como tudo o que me oferecem, ou quase tudo. confesso que às vezes sem nem saber direito do que se trata. tenho uma sede imensa por sentimentos, por sentir, e, mais do que isso, por me permitir sentir e não deixar que me façam sentir. gosto de sentir a liberdade estando preso em mim mesmo, de acordo com minhas regras. o banquete de emoções parece nunca perecer perante minha boca nervosa e ansiosa por mais. então chega a hora. os sentimentos parecem estar em demasia dentro de mim, coisa demais para que possa controlar. aí sinto a do, a dor do vômito. o incomodo, o enjôo, a náusea, a espera triste de liberar tudo aquilo que me faz tão mal, mas que parecia que ia fazer tão bem. vomito tudo, esvazio-me. ah, que alívio! deixo meu vômito aqui exposto. o impacto que causa? imprevisível. desculpem-me, agora vou comer.

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